No meu primeiro post eu falei um pouco sobre a minha história. Contei como surgiu a ideia de vir fazer música em Boston e como ela desenvolveu ao longo dos anos. Falei um pouco sobre o processo da inscrição e prometi escrever sobre minha audição.
Eu e meu pai no primeiro dia em que cheguei em Boston! Na frente do Berklee Performance Center
Todo ano em Novembro, um time composto por professores da Berklee e do Conservatório Souza Lima fazem as audições no Brasil, acima está a foto do grupo de 2010.
Começarei pela audição em si. Após completar minha inscrição online, eu recebi a data da minha audição em São Paulo por e-mail. Em novembro de 2007 eu viajei até São Paulo, mais especificamente até o Conservatório Souza Lima. Eu me lembro quando eu cheguei na escola, estava ansioso. Me deparei com uma grande quantidade de músicos esperando por sua hora na sala de audição e uma boa parte destes eram guitarristas.
Quando finalmente minha vez chegou eu entrei na sala de recital do Souza Lima onde uma mesa estava colocada em frente ao palco. No palco estava uma cadeira com uma estante para partitura e um amplificador em stand by. Eu ainda me lembro dos dois professores que fizeram minha audição, um deles é Assistant Chair de Ensemble na Berklee e a outra leciona Arranjo e foi uma das autoras do livro usado na escola. Eles são respectivamente Sean K. Skeete e Suzanne Dean.
Um pouco antes de entrar na sala principal onde eu toquei guitarra para os dois professores, eu fui colocado numa outra sala, para esperar pela minha vez e aquecer os meus dedos no instrumento. Durante este tempo, o time de audição nos deixa olhar os exercícios de leitura a primeira vista que serão pedidos na audição, o que foi uma tremenda ajuda.
Acredito ter tido sorte de terem sido estes os professores julgando minha audição. Fui muito bem recebido, eles foram descontraídos e respeitosos durante todo o processo. A primeira parte da audição foi a minha prepared piece, ou seja, a música que eu preparei para demonstrar minhas habilidades no instrumento.
Eu escolhi tocar com um play-along de Jamey Aebersold, a música era o standard modal deJohn Coltrane, Impressions, em um tempo que faz justiça a gravação original. Ainda me lembro do momento em que terminei minha apresentação, recebi aplausos dos dois professores com direito até a gritos de incentivo de Suzanne.
A segunda parte foi a improvisação. Me foi pedido para tocar junto a um Blues em Fá Maior. Toquei por alguns minutos e na sequência vieram os exercícios de ouvido. Suzanne foi ao piano e me pediu para copiar as melodias que ela tocava. Consegui reproduzir todas as melodias na guitarra.
Na parte final da audição eu fiz os exercícios de leitura a primeira vista. Mesmo tendo uma leitura muito mal desenvolvida, ter praticado bastante para essa audição e poder ter visto os exercícios quando estava aquecendo me fez conseguir completá-los sem erros.
Quando concluí meus longos e importantes 15 minutos de audição, Sean me perguntou se eu gostaria de estudar na Berklee no Outono de 2008, eu fiquei obviamente entusiasmado, e respondi que gostaria de ir o mais cedo possível.
Depois de sair da sala de recital do Souza Lima, fui encaminhado para o andar de baixo onde tive minha entrevista com Damien Brecken, diretor do Admissions Office. A entevista foi tranquila e simples, ele me perguntou qual era o caminho que eu gostaria de percorrer na escola, o motivo pelo qual escolhi a Berklee e como eu poderia contribuir para a instituição.
Eu fazendo parte do Senior Recital de um estudante tocando suas peças originais compostas para Big Band.
Na parte seguinte e final deste post, irei descrever como procedi a partir do momento que recebi minha carta de aceitação e meu resultado de bolsa de estudo. Obrigado pela atenção!
Paulo Macan
Tem parte 3?
Luciano Ilha Carbonell
Tem a parte 3?