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Este começo de semestre tem sido um grande caos. Me lembrou a sensação de começo de ano no Brasil, onde “tudo começa depois do carnaval”. Só que dessa vez não tem carnaval (graças a Deus) e a temperatura daqui é, bom, um tanto mais fria, eu diria. Exceto que o “um tanto mais fria” significa uma diferença de quase 50 graus.
Disseram que este tem sido o recorde de neve na cidade de Boston. Na história desta cidade, nunca houve tanta tempestade de neve em menos de duas semanas. Todos os estados de New England foram afetados não só pela histórica nevasca “Juno”, mas por todas estas que tem nos cercado nos últimos dez dias. Ao total, foram 3 grandes nevascas, sendo a Juno a maior delas. A cidade de Boston tem feito o seu melhor para poder retirar toda a neva das ruas e calçadas, utilizando inúmeros caminhos para retirar a neve e transportá-la para fazendas distantes em Massachusetts. Até semana passada, foram 15 mil toneladas de neve retiradas no total. Mas o excelente serviço de Boston não tem conseguido muito sucesso nesta jornada, porque simplesmente não para de nevar por aqui. Os intervalos de dias entre uma nevasca e outra estão sendo de aproximadamente dois dias, o que é um intervalo muito curto até pro inverno mais drástico desta região. Ao andar pelas calçadas de Back Bay em meu caminho até a Berklee para poder assistir minhas aulas, a principal preocupação é nao pisar em uma poça de neve derretida e tomar muito cuidado para não escorregar no “black ice”, que é a camada de gelo extremamente fina e traiçoeira que se acumula nas ruas. Elas são completamente transparentes, então ao achar que você está pisando no asfalto, cuidado. O atrito do black ice é quase nulo, ao encostar o seu pé você já escorrega logo de cara. Sendo assim, o processo de andar até o prédio que terei aula é lento e complexo, tentando desviar das poças e de toda a meleca de neve pisada pela cidade inteira. Entretanto, os prédios e casas com o telhado completamente branco e cobertos de neve trazem uma elegância incrível ao ambiente. A única paisagem não tão bonita de se ver são as calçadas com a neve quase derretida e cinza, com toda a sujeira que a rua proporciona.
Uma coincidência de todas estas tempestades de neve é: todas aconteceram entre segunda e quarta. Até agora nenhum de nós alunos tivemos aula na segunda-feira. Na primeira semana de aulas, a segunda-feira (19 de janeiro) foi feriado de Martin Luther King Jr. Na segunda semana tivemos a impressionante “Juno”, que fez com que a faculdade ficasse fechada até quarta feira. E na semana seguinte e atual, foi iniciada uma outra tempestade de neve na madrugada de domingo pra segunda e teve seu fim na madrugada de terça. A aula de segunda foi cancelada três vezes seguidas. A neve não afetou só as nossas aulas, mas também o transporte público que até agora está tendo severos atrasos. Nesta terça-feira, tive que acordar cedo e pegar o ônibus que nos levava até a estação de metrô Malden Center, e assim pegar dois trens para poder chegar na Berklee. Até que o percurso de ônibus não foi ruim. Chegando na Malden Center, não havia nem previsão de quando os trens iriam chegar. A estação é aberta ao ar livre, então uma grande quantidade de neve havia sido acumulada naquele espaço totalmente lotado de pessoas que estavam desesperadas e atrasadas para seus compromissos. O frio de -16ºC, com sensação de -25ºC, era cortante e fez com que a experiência de esperar pelo transporte ao ar livre fosse, no mínimo, interessante. Passados 30 minutos e nada de previsão de chegada do trem. Os trilhos do trem haviam sido extremamente danificados pela quantidade de neve acumulada, e o trajeto por eles estava sendo quase impossível. Se eu ficasse esperando para poder pegar o trem, iria chegar em Boston depois da minha aula ter acabado. Então acabei pegando um táxi de volta para casa, pois não havia condição de fazer a minha viagem de todo dia.
Obviamente as matérias que sofreram mais neste semestre são as das aulas que ocorrem nas segundas-feiras. Felizmente, só tenho uma aula neste dia, então não estou perdendo um grande número de aulas. Porém, me dói perder estas aulas sendo que estou pagando por elas. Claro que isto não é culpa da Berklee, nem de Boston, nem de ninguém. Não há o que fazer quando nos deparamos com uma grande emergência de neve que traz toda a cidade aos seus joelhos, tendo que fechar e cancelar todos os eventos marcados. Minha professora de “Post-Romantic Scoring” (uma das matérias da grade de Film Scoring) tem se comunicado comigo e com os outros alunos por email, passando algumas lições e trabalhos online. São coisas que são possíveis fazer mesmo sem ter tido a aula e a explicação dentro da sala. Não é a melhor maneira, mas realmente não há o que fazer. Infelizmente, repor aulas é uma medida que depende dos professores e não da Berklee como um todo. Não temos a certeza de termos estas aulas repostas.
E além do mais, checando a previsão do tempo para a semana que vem, vejo o pequeno asterisco representando neve para os próximos dias: sábado, domingo…e que dia mais? Segunda? Sim. Segunda e terça.
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