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Hoje decidi falar sobre uma das aulas que mais gostei no meu semestre passado estudando na Berklee. Foi uma das aulas que realmente resumiram a essência de trilha sonora para cinema, e como ela funciona dentro do universo áudio-visual. É a aula de Dramatic Scoring, que foi ministrada pelo professor Timothy Huling.
Por enquanto somente tive Dramatic Scoring 1, sendo no total 3 aulas desta matéria em semestres diferentes. O objetivo principal desta aula é analisar os fatores musicais (harmonia, melodia e ritmo) dentro da música de cinema, e como estes podem ser manipulados dentro de situações dramáticas, enfatizando certas emoções.
Durante o semestre, Huling nos apresentou diversos exemplos de trechos de filmes para poder explicar cada tópico da matéria. Em maioria dos casos, ele nos mostrava o arquivo “cru”, ou seja, um trecho de certo filme sem música ou efeitos sonoros, contendo apenas o diálogo original da câmera (sem tratamento de som algum). E em seguida, ele mostrava a mesma cena com a trilha sonora e pós-produzido.
Achei a interessante a maneira em como ele separava os tópicos e trabalhos que passava. O nosso primeiro trabalho foi apenas escolher um tema romântico já existente de algum filme de nossa escolha, e analisá-lo nos aspectos de utilização de harmonia, instrumentação, manipulação de tempo e ritmo, entre outros. Eu havia escolhido o “love theme” do filme Somewhere In Time, que é também o tema de romance dos personagens. Sendo uma obra de alto teor melancólico, a música tem que dar apoio e reforçar a ideia de “amor inalcançável”, que é tratado no filme.
Passamos algumas semanas neste mesmo assunto, sendo o próximo trabalho nossa oportunidade de compor um pequeno tema romântico. A partir de então, começamos a estudar técnicas de manipulação de melodia, que os grandes compositores de filme utilizam, tais como: sequência, repetição, transposição para um novo centro tonal, diminuição ou expansão de uma pequena idéia melódica, entre outros.
Outra técnica abordada foi o uso de “ostinatos”. Ostinato é uma pequena frase musical ou motivo, que se repete durante a música. Este geralmente continua sempre na mesma voz, e é repetitivo como um “mantra”, criando uma nova textura para a música. Pode ser apenas um padrão rítmico, utilizando notas (pitches) ou não. Geralmente, ele é utilizado em instrumentos de registro grave, como um contrabaixo ou cello, e se manipulado em um tempo moderamente rápido, pode ser usado como trilha de uma cena de perseguição. Um exemplo clássico é o filme “Jaws”, dirigido por Steven Spielberg e trilha sonora de John Williams. O ostinato de apenas duas notas consecutivas é tocado pelo contrabaixo e pelo cello, e se repete criando tensão. Conforme o tubarão se aproxima das pessoas, o tempo se acelera, aumentando mais , no minuto 1:38.
Estudamos muitos outros exemplos e trechos de filme que utilizam a técnica de Ostinato. Em um dos trabalhos, Tim nos deu um ostinato como exemplo, com duração de um compasso, e tivemos que compor uma trilha em cima deste, com diversas seções dentro desta trilha. A ideia era contrastar cada seção com diferentes instrumentações, diferentes ideias melódicas, harmonia ou apenas ir adicionando “camadas” de instrumentos gradativamente, com o intuito de ir crescendo a dinâmica aos poucos. Também compomos nossos próprios ostinatos. No trabalho seguinte, nos foi dado cenas do filme “Italian Job” contendo apenas os diálogos e efeitos sonoros, então tinhamos que escrever a música para a cena de perseguição de carro utilizando os nossos ostinatos e ir manipulando o mesmo de acordo com os acontecimentos visuais em questão.
O trabalho final consistia de três cenas de três filmes que poderiamos escolher: “Os Incríveis”, “Batman: O Cavaleiro Das Trevas” e “Planeta dos Macacos: A Origem”. Todas as cenas continham apenas diálogos e alguns dos efeitos sonoros e duração média de 1 minuto e meio. Tinhamos que escrever a nossa própria trilha para uma das cenas, de preferência sem ouvir as trilhas originais dos filmes. Um dos requerimentos também era o uso de pelo menos um ostinato. Eu escolhi o filme “Os Incríveis” e a cena que me foi dada consistia de vilões em naves perseguindo o personagem Dash em uma floresta. Para esta cena, eu fiz uso excessivo de ostinatos em um tempo consideravelmente rápido, afim de intensificar a perseguição e a tensão que é criada pelo medo do personagem ser pego.
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