
Estou passando minhas férias aqui em São Paulo capital, minha cidade natal, e acabei de receber a revista Berklee Today por correio. Uma das matérias desta revista me chamou muito a atenção. Esta matéria menciona a carreira de quatro alunos formados pela Berklee que hoje em dia estão trilhando carreiras extremamente bem-sucedidas nas áreas de Performance, Film Scoring e Music Production (juntamente com Contemporary Writing & Production). Estes alunos tem todos uma coisa em comum: trabalham na cidade de Los Angeles.
Foi lá que a carreira destes profissionais foi alanvacada, sendo os fatores determinantes a garra e força de vontade para correr atrás de seus sonhos. Os quatro alunos são “self-employed”, isto é, são autônomos e trabalham por conta própria com free lances diretamente envolvidos com a indústria musical de Hollywood.
O primeiro deste quatro alunos mencionados é o Tariqh Akoni. Akoni é atualmente o diretor musical e guitarrista da banda do Josh Groban, um artista de sucesso absolutamente enorme. Porém esta posição valiosa não veio no colo de Akoni, e nesta matéria é revelado o processo que encaminhou o guitarrista para o ápice de sua carreira. Depois de formado na Berklee, Akoni continuou em Boston por mais cinco anos tocando em clubes locais com diversos músicos. Um deles era Walter Beasley, que o chamou para tocar com uma banda de Los Angeles, dado em conta de que o guitarrista original havia saído da banda. Mudando-se para Los Angeles, Akoni teve inúmeras oportunidades conhecendo grandes nomes da música. Tais oportunidades o levaram a ser contratado para diversas turnês com Chaka Khan, Whitney Houston, Backstreet Boys, Christina Aguilera e Jennifer Lopez.
Após alguns anos sendo músico destes artistas, Akoni recebeu o desafio de substituir um amigo que tocava para Josh Groban em alguns shows. Depois de tal experiência, Groban chamou Akoni para ser o guitarrista oficial da turnê de 2004. Apaixonado por esta experiência, Akoni deu o melhor de si em cada performance e Josh Groban notou isso. Além de guitarrista, Akoni tornara-se o diretor musical de Groban, e isto só possibilitou maiores e maiores oportunidades, e obviamente, maiores responsabilidades. Akoni havia se tornado a principal cabeça pensante em relação às composições e também arranjos e direção dos corais e orquestras que os acompanhavam.
A matéria continua contando a história de Chris Brooks. Brooks foi aluno da Berklee e formou-se no ano de 1980. Viera para a Berklee com a intenção de ter aulas com o grande vibrafonista (e ex vice-presidente da Berklee na época) Gary Burton, pois queria seguir a carreira de performance. Porém, Brooks nunca teve a chance de ter aulas com Burton por conflitos de horários de aula. Após alguns semestres, Brooks resolveu ingressar os estudos na área de Film Scoring. Após se formar, fazia edição de música para filmes em 1982. Neste mesmo ano foi contratado pela Segue Music Company, a até então maior empresa de pós-produção de filmes em Hollywood, e foi nesta empresa que Brooks teve oportunidades para trabalhar com edição musical e orquestrações de filmes como Letal Weapon, Pirates of the Caribbean: The Curse Of The Black Pearl, Goodfellas, entre outros.
Em 1994, Brooks saiu da Segue e começou a fazer seus free lances. Foi quando conheceu Michael Kamen, compositor com quem iria iniciar uma parceria extremamente bem-sucedida, fazendo até doze filmes por ano. Os dois trabalharam juntos até 2003, ano da inesperada morte de Kamen. Também trabalhou com grandes nomes como Hans Zimmer, Klaus Badelt, William Ross e Marc Shaiman.
Brooks é extremamente ágil e competente em seu trabalho e em cada minuciosidade do trabalho árduo de edição de música para imagem. Ele conta que no início de sua carreira, jornada de trabalho de 14 horas por dia eram normais. Hoje em dia trabalha de maneira mais “inteligente”, conta. Diz que se importa mais com as pessoas que trabalham com ele do que do próprio projeto em si e no final do dia, você irá lembrar mais destas pessoas do que o próprio filme produzido por eles. Após três décadas de experiência na indústria da música no cinema, Brooks compartilha estes ensinamentos em cursos que leciona para alunos da University of Southern California.
Na área de produção foi mencionada a arranjadora e produtora Cristina Abaroa. Abaroa chegou em Los Angeles logo após sua formatura, em 1991, e ela estava literalmente disposta a trabalhar em qualquer área e aberta a qualquer oportunidade. Após correr atrás de contatos e oportunidades de emprego, Abaroa entrou em contato com o compositor e produtor espanhol Juan Carlos Calderón e iniciou sua carreia sendo a arranjadora e assistente de produção dele. Tal oportunidade levou-a a muitas outras: foi a coordenadora de produção do primeiro álbum do Enrique Iglesias e produtora de artistas latinos como Marco Antonio Solís, Ricardo Arjona, Luis Miguel, entre outros. Trabalhou também como produtora para o Latin Recording Academy Person of the Year e America’s Got Talent em 2012. Abaroa conta que não tinha plano nenhum para sua carreira quando recém formada.
Na área de Film Scoring novamente foi citado Kevin Kaska. Kaska (formando de 1994) foi para a Berklee com o intuito de estudar arranjo comercial, porém um de seus professores percebeu que Kaska já conhecia muitas técnicas de arranjo após olhar suas partituras (Kaska havia tido aula anteriormente com o famoso arranjador de Hollywood, Vic Shoen). Após uma conversa com o chair de Film Scoring, Kaska decidiu seguir este major. Após se formar, Kaska começou a trabalhar como arranjador para a orquestra de Boston (Boston Pops Orchestra). John Williams, condutor do Pops na época, aprovou os arranjso de Kaska e se tornou seu amigo. John Williams ficou impressionado com seu trabalho como arranjador e espantado por alguém de uma geração tão nova ser tão familiar com os conceitos de orquestração tradicionais e modernos. Kaska foi então contratado para re-orquestrar a música de John Williams para o filme Superman para uma gravação da Royal Scottish National Orchestra, conduzida pelo compositor John Debney. Debney foi a pessoa que convidou Kaska para ir a Los Angeles, e após sua chegada na cidade, foi chamado para orquestrar cenas do filme Chicken Little, Evan Almighty, Meet Dave e Swing Vote. Foi chamado por Hans Zimmer para trabalhar nos filmes Sherlock Holmes, The Dark Knight, Man Of Steel, entre outros.
Los Angeles é o berço da produção fonográfica nos Estados Unidos. É o coração da produção cinematográfica e musical. Basicamente, onde tudo acontece. A cidade mais apropriada para trabalharmos, porém a mais competida. Mas a história destes quatro alunos mostram que a determinação e força de vontade podem te levar para muito mais longe do que você imagina.
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